domingo, 30 de agosto de 2009

José Sócrates fez uma coisa errada. A sério. E creio que até para o seu espelho já o admitiu.

Não soube orientar as suas políticas para o boletim que irá à presença dos cidadãos, no próximo dia 27 de Setembro. Não trabalhou para ganhar cruzinhas, não. Pelo menos para si.

O nosso primeiro-ministro lembrou-se de oferecer computadores às criancinhas. Esqueceu-se que as criancinhas não votam.
José Sócrates criou o complemento solidário para idosos. Não se lembrou que ter uma certa idade, possuir dores e enfermidades e gozar de dificuldades de deslocação, não as condições ideais para que alguém se aproxime de uma mesa de voto.
O sr. engenheiro lançou medidas de apoio à natalidade. Não lhe passou pela cabeça que, quando temos alguns meses de vida, a nossa prioridade não será oferecer um voto a quem contribuiu (além do papá e da manhã), para o nosso nascimento.

Mas o governo de Sócrates também fez questão de infernizar a vida aos à classe docente.
E essa vota, e muito.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Um género de ideia

Passava os olhos pelo JN, na tranquilidade típica de quem procura novidades em tempo de férias e, comummente, constata a sua escassez.
Felizmente, o dr. Paulo Portas não se esquece de nós, muito menos do país. E a proposta de hoje, apesar de incidente sobre uma matéria a que se refere a cada 20 minutos, chega-nos com alguma inovação.

"Rendimento Social de Inserção: CDS defende pagamento em géneros". Ah pois!
Isto para combater a fraude, já que, segundo o doutor Portas, "este país avança com trabalho, avança com aqueles que contribuem para a riqueza da nação e não com financiamentos à preguiça".
Se o objectivo é mesmo fazer avançar o país, questiono-me porque é que os nossos impostos continuam a pagar avultados salários a deputados faltosos, que se esquecem dos debates quinzenais (sim, sim, eu e o engenheiro Sócrates damos por deles). Ou não chamamos a isso preguiça?
Pergunto-me porque é que o povo português não deixa de pagar àqueles partidos políticos que só vão às feiras e mercados que lhes interessam, deixando inúmeras comerciantes sem beijinhos e palmadinhas nas costas (assim como quem não quer a coisa).

Semeada a dúvida, pelo habitual cepticismo que me liga às propostas do CDS-PP, volto ao cerne da questão. Ora bem...pagamento em géneros?!?
Hum, se eu fosse militante do Bloco estaria já pronta a investigar a questão, a ver se por acaso não haveria aí interesses particulares, favorecimentos ao sector empresarial, jogos sujos de corrupção ou de qualquer outra coisa que os ricos gostem de fazer.
Mas a verdade é que não sou. Nem estou disposta a procurar desvendar a estratégia política que envolve a dita proposta. Até porque já percebi tudo.
Ora, se o dr. Portas vai visitar cerca de 86% dos mercados portugueses no período pré-eleitoral que se avizinha, não admira que o espaço de sua casa venha a ser pouco para albergar todas as couves, alfaces e seus derivados, que irá receber em jeito de demonstração de afecto. E quem melhor para consumir as sobras do que "aqueles gajos que recebem o rendimento mínimo"?

Mas não está mal. Aliás, até os prestadores de serviço público irão ganhar com esta medida. Vejam só...se o beneficiário do rendimento social passa a receber géneros, o beneficiário do rendimento social também passa a pagar as suas contas em géneros. E a conta da luz já não vai ser de 24.90 euros, mas antes de 5kg de arroz, 1 embalagem de lasanha ultracongelada e 12 fatias de pão de forma integral (começo a imaginar as jantaradas que se farão entre os sócios da EDP...).
O próprio passe da carris pode passar a custar uma embalagem de carne picada e uma caixa de cereais com pepitas de chocolate. Para os trocos, podem começar a utilizar-se peças de fruta à unidade, pacotes de sal, triângulos de queijo fundido...

A única desvantagem que aponto a esta proposta é que, eventualmente, poderá vir a elevar os níveis de colesterol e glicémia entre os mais pobres. E depois vai ter que haver quem pague o acréscimo de financiamento ao Serviço Nacional de Saúde...ou acaba-se já com ele?

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Bailinho

Turismo que é turismo, é na Madeira.
Se procuramos aves raras, qualquer coisa que nos deixe estupefactos, estranhas obras da natureza...se queremos ver tudo isto temperado com uma boa dose de estupidez e parvoíce, vamos até à Madeira, porque, na pequenez desta ilha, torna-se muito provável o cruzamento com esse ser que costumamos designar de Alberto João Jardim.

Depois de constatar todos os seus méritos, de verificada a sua inegável imponência, chego a questionar-me da razão pela qual ainda não foi aclamado monumento nacional. Antiguidade não lhe falta...todos sabem que não se vê coisa semelhante desde o tempo do Salazar. Vigor até tem demais...poucos palhaços de Carnaval o conseguem ser o ano todo. Admiradores...há os necessários para que a sua obra não se degrade, sem que outro alguém lhe toque.

E José Sócrates devia ser o primeiro a querer preservar esta espécie em vias de extinção. Além de embaraçar o PSD, consegue remeter ao silêncio qualquer social-democrata que o seja, evitando, assim, as célebres acusações contra o governo.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

1, 3, 4

Não, não devem. As sondagens eleitorais não devem ser feitas com recurso a inquéritos de rua ou chamadas telefónicas. O raciocínio é simples.
Pense que está a minutos de perder o transporte público...apetece-lhe falar de política? Pense que a única caixa multibanco num raio de 800 metros ficou sem dinheiro...apetece-lhe falar de política? Pense que está em casa, tem o seu jantar no forno prestes a queimar e toca-lhe o telefone...apetece-lhe falar de política?

Pois bem, a mim também não me apeteceria.
É por isso que proponho que os resultados eleitorais se passem a deduzir das variações na taxa de audiência de cada canal televisivo.

Percebe-se com facilidade que quanto mais telespectadores se esquecerem da televisão ligada na TVI, menos votos obterá o engenheiro José Sócrates, esse ser maléfico que não vê as Tardes da Júlia, não se emociona com as histórias do Goucha nem curte bué os Morangos. Para quem ainda não se deu conta, a TVI está a exibir mais uma novela com início às 8h da noite...por acaso, o mau da fita até tem o nome do nosso primeiro ministro. Por acaso, a pobrezinha, boazinha, bonitinha e fofinha, até se chama Manuela. Por acaso, o final da história ainda não está escrito.

Por seu lado, os que não mudarem de canal a seguir ao preço certo irão converter-se, a curto prazo, em devotos fiéis do senhor primeiro-ministro. Num registo semelhante ao de "A Fé dos Homens", a RTP presta culto às medidas tomadas durante esta legislatura, invoca com desprezo aquela oposição pecadora e aqueles profissionais que se lembraram de organizar manifestações. No final, deixa uma sugestão de peditório em nome do Messias que nos salvou de qualquer coisa que ainda ninguém entendeu muito bem o quê.

Da minha parte, e no que toca as estas questões, tenho a dizer que me desagrada particularmente a indumentária dos jornalistas da TVI. Não sei se é por ser igual às outras, mas não gosto. Às vezes lembro-me que a SIC ainda existe, outras não.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Em vias


O eleitorado está confuso. Não sabe, não quer saber. De nada. Recorre à imaginação, às palavras perdidas de quem diz já saber tudo.

As vias que levam os políticos ao poder não estão melhor. Congestionadas. Cada vez mais a cada dia que passa.

Manuela Ferreira Leite aumenta a velocidade, a tentar uma ultrapassagem perigosa ao rumo de José Sócrates, esse, que continua a querer mostrar que há só uma via, e de sentido único.

Paulo Portas lembra a regra de cedência de passagem a quem quer que se apresente pela direita...esquece, contudo, os que circulam em "serviço urgente de interesse público e assinalem adequadamente a sua marcha".

Francisco Louçã recorre a sinais sonoros, alerta para a necessidade de virar à esquerda, ainda que estejamos em plena auto-estrada, numa aceleração incompreensível sempre rumo ao mesmo sítio.

Para Jerónimo de Sousa, nada pode prevalecer sobre as ordens do regulador de trânsito por excelência, o seu povo trabalhador, sobretudo quando, por força das circunstâncias, está em vias de extinção.

Cá por mim, não pedia que se invertesse a marcha. Apenas que se realizassem com especial precaução as manobras perigosas, sobretudo em situações de fraca visibilidade. E que se aumentasse a velocidade. Queria ver-nos entrar na via rápida, fazer mais perto o nosso destino.


terça-feira, 14 de julho de 2009

O saber no seu lugar

Foram oficialmente divulgados os resultados dos exames nacionais do 9º ano do ensino básico. Olho os resultados com a pouca expectativa que a popular falta de rigor e de exigência, princípios incontornáveis do nosso sistema educativo, me levam a ter. Haja alguém que faz uso dos termos “positivo” e “orgulho”, numa breve apreciação dos factos. Alguém que consegue perceber, em vistosas oscilações percentuais, algo de “muito bom para o país”. Haja alguém como Maria de Lurdes Rodrigues.

Por alguma razão que desconheço, não fui ainda capaz de seguir a linha atractiva do seu discurso. O meu cepticismo tão crónico ainda não me deixa acreditar que os miúdos de 14 anos estão hoje mais conhecedores, mais aptos, menos miúdos. Tenho pena de não acreditar, muito sinceramente, muita pena.

Felizmente, os exames nacionais, pelo simples facto de serem nacionais, resultam num eco de optimismo que se estende a toda a Nação. O meu juízo e as minhas duvidosas ponderações, podendo configurar um certo derrotismo, felizmente, ficam só por aqui. E não é que os exames nacionais saibam mais dos miúdos de 14 anos do que eu. Os exames nacionais cruzam-se com eles uma vez por ano, numa sala fechada, vigiada e tensa. Eu encontro-os nos locais mais inesperados, a todo o momento e nas mais diversas circunstâncias…ainda que os encontrasse bastante mais se passasse a frequentar as zonas de fumadores.

Contudo, e mesmo depois de reconhecida a fraqueza da minha posição, atrevo-me a propor um outro método de diagnóstico. Num paralelismo com as práticas médicas, talvez fosse bom fazer, além de exames, algumas análises. Se possível, em laboratório estrangeiro, para que não fosse posta em causa a tão necessária imparcialidade.